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Arquitetos: AZL Architects
- Área: 15500 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Bowen Hou, Fangfang Tian, Kai Wang
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Pavilhão está localizado no extremo norte do Jiangsu Garden Expo Park. Nele, tanto o artesanato tradicional quanto as artes folclóricas são expostos ao público. Toda a estrutura abrange 15.000 metros quadrados com uma área total de construção de 15.500 metros quadrados. Localizado na extremidade do Expo Park, este pavilhão é cercado por um ambiente muito conflitante: em seu lado norte, o trem de alta velocidade Pequim-Xangai passa constantemente; no seu lado sul, do outro lado de um rio, está o VOCO Nanjing Garden Expo, um complexo de apartamentos hoteleiros de pequena escala, tranquilo e agradável. A cidade e ao bairro colidem neste terreno marginal.
A dobradura, um conceito originado da geologia, descreve o movimento das camadas de rocha criando as texturas flexionadas. O projeto está localizado no GeoPark Tangshan-Fangshan, cujas famosas seis seções estratigráficas são clássicas no ensino de geologia. O projeto de arquitetura continua o contexto do terreno por meio de dobras espaciais. Partindo da área, do local, do caminho e do material, o projeto fala sobre a relação entre volume e local, planeja percursos de visita e peregrinação e incorpora a memória e a atualidade ao espaço. A aplicação do conceito de “dobradura” conecta todos esses pensamentos, com uma forma externa simples e um rico conteúdo espacial.
Devido à expansão urbana e conservação ecológica, a Fábrica de Cimento Chinesa, outrora famosa no setor, foi fechada e realocada nos últimos anos. A construção do Garden Expo Park passa a ser uma estratégia sustentável para o desenvolvimento da cidade. A antiga anterior de cimento e mineração transformou o terreno em uma planície, enquanto os arredores são todos cobertos por montanhas. O Pavilhão está localizado no extremo norte do parque, em um estreito cinturão verde entre as montanhas e uma linha ferroviária de alta velocidade. O canteiro de obras planejado tem 190 metros de comprimento, 75 metros de largura, e o limite de altura chega a 8 metros.
Diante dos desafios criados pelo terreno, os arquitetos adotam a estratégia do “peso”, escavando o edifício no terreno e fundindo-o com o local. Várias linhas livres dividem a cobertura/terreno de leste a oeste em três partes, com diferentes alturas aninhadas umas nas outras. As extremidades leste e oeste são levemente elevadas e as trilhas se encaixam no volume em diferentes direções, enquanto o ziguezague central conecta naturalmente a praça de entrada com o jardim na cobertura.
A parte principal da sala de exposições está localizada no térreo, onde o pátio aberto rebaixado, as paredes curvas e os degraus ajardinados conduzem o térreo ao solo, naturalmente. Ao mesmo tempo, todas as grandes e pequenas aberturas nas paredes externas do térreo estendem as vistas do ambiente circundante em quatro direções para o interior, proporcionando uma sensação de construção estendida no solo.
A ligação entre o edifício e o local reflete-se nas duas formas as quais ele pode "ser visto". Quando o edifício é observado da ferrovia de alta velocidade, são vistas paredes sinuosas em vermelho-ferrugem, além de luz e sombras e arranjos lineares de plantas verdes, todos como traços naturais da terra. A quinta fachada do edifício – a cobertura, abre-se livremente para o céu. Quando se caminha pelo jardim, a partir do pátio rebaixado e depois ziguezagueia até o telhado do segundo andar, a vista se integra ao terreno plano e aberto.
No lado sul do Pavilhão, localiza-se o complexo VOCO Nanjing Garden Expo Hotel, cujos edifícios adotam um layout comunitário de vila, com estruturas de pequena escala e telhados inclinados. Ao olhar para o Pavilhão desde as ruas do Hotel, ele surge como um pano de fundo estreito e longo, semelhante a uma montanha vermelha. Na parede externa de 200 metros de comprimento, há um número muito limitado de aberturas e uma janela alta e esbelta. O centro da parede é suave, enquanto as duas extremidades são levemente levantadas, assim como a vista cercada por montanhas. Diferentemente da cobertura aberta livremente, que desfruta de vistas abundantes, as quatro elevações que ligam o Pavilhão ao solo são deliberadamente discretas, mas ainda muito poderosas, assim como as esculturas de aço-ferrugem cheias de tensão de Richard Serra.
O volume do pavilhão é quase retangular, e apenas côncavo nas extremidades nordeste e sudoeste. Assim, há duas alturas diferentes de volumes sobrepostos em cada lado, o que elimina as tensões causadas pelo grande volume e torna a aparência próxima de forma mais delicada. O projeto apresenta a construção do local de forma tridimensional. Ele estabelece as relações entre o espaço e o terreno a partir de diferentes perspectivas, como ponto alto, ponto próximo e ponto distante. Com base na plena expressão das suas próprias características, o edifício funde-se naturalmente no terreno.
Para visitar o Pavilhão existem duas rotas de visita: a rota interna é para as exposições e a rota externa é para passear no jardim da cobertura. As duas rotas juntas formam um círculo de Mobius contínuo. Introduzir o conceito de “dobradura” na forma quadrada do edifício, por um lado, estende e orienta o percurso de visita e o conecta de dentro para fora; por outro lado, enfraquece a ideia de ”pavimento”, formando um percurso errante contínuo, desde o subsolo, do primeiro andar até a cobertura.
A entrada principal do Pavilhão está situada no lado leste da Huatian Road. Depois de atravessar a praça e passar pela abertura em um parapeito em forma de "L", os visitantes entram na estrutura principal. O parapeito divide o caminho de entrada em duas partes, uma rampa que aponta para a entrada do edifício, enquanto a outra é uma escada que leva ao salão de exposições no subsolo. O processo de cruzar a entrada principal é repleto de ritual e mistério. Começa por uma porta profunda, depois passa lentamente para o jardim da frente, que pode ser considerado o prelúdio da sala de exposições. Depois de cruzar uma série de transições, chega-se à entrada da exposição. Enquanto o parapeito em "L" projeta tensão na praça logo em frente ao edifício, o comportamento de “entrar” já foi incluído como parte do espaço. As paredes curvas visíveis de um lado do jardim sugerem que há um caminho que vai até a cobertura. As pessoas que entram no jardim da frente se encontram com aquelas que retornam do jardim na cobertura, indicando que um caminho contínuo projetado começa ali. Neste ponto, o processo de entrada está realmente concluído.
O percurso de visita interior passa pelo hall do primeiro andar e galerias de exposições, desce os grandes degraus e entra na exposição principal no térreo, no final sobe as escadas do lado leste e depois regressa ao hall. A rota externa começa a partir de um jardim subterrâneo com degraus no canto lateral sudoeste, depois segue para oeste em direção ao pátio do primeiro andar, volta para o leste e sobe para o telhado do primeiro andar, percorre o jardim da cobertura guiado pelas paredes dobráveis, e por fim, retorna ao jardim da frente na entrada. O percurso itinerante permite ao visitante seguir naturalmente a orientação do espaço, passear e experimentar as transformações entre o interior e o exterior do edifício, e sentir o ambiente natural e a paisagem cultural do Expo Park.
O movimento forma estratos rochosos. Os estratos na área da Jiangsu Garden Expo aparecem principalmente como amarelo ou azul, complementados por algumas partes roxas escuras e vermelhas acinzentadas. A seção original dos estratos rochosos está bem conservada na área de entrada No.1 do Garden Expo. Esse tipo de vermelho lavado por milhares de anos parece muito modesto, não deslumbrante, mas poderoso. O centro de atendimento ao visitante na entrada, também projetado por AZL architects, remete às pedras vermelhas escavadas nas montanhas, registrando os vestígios deixados pelo tempo, expressando o desejo do ser humano de retornar à natureza.
Antigamente existiam pedreiras e plantas industriais na área do Garden Expo, e os restos industriais se tornam a memória única do local. Devido à importância geológica e industrial remanescente, esperava-se que o edifício fosse revestido por um material único, para demonstrar uma sensação de temporalidade. O painel de aço corten confere uma textura à fachada do edifício, que integra um tipo de vermelho, semelhante ao marrom-avermelhado enferrujado das rochas, com a textura do industrial e rústico. O uso do painel de aço corten torna o Pavilhão integrado à memória e ao crescimento futuro na natureza.
Na parte interna, as paredes de chapa de aço corten voltadas para o pátio são feitas com treliça metálica. Abaixo dessa treliça, as heras brotam e sobem silenciosamente, mostrando sua vitalidade vigorosa e exuberante. Em pouco tempo, essas heras verdes cobrirão os pátios inteiros. No passado, havia mineração neste mesmo local e as minas se tornaram as cicatrizes no solo. Hoje, reexaminamos a construção e o desenvolvimento e acreditamos que a restauração ecológica e o crescimento sustentável se tornarão questões importantes no progresso. No futuro, essas heras cobrirão cada centímetro das grades nos painéis de aço corten, e o Pavilhão acabará desaparecendo na natureza.
A dobradura geográfica faz crescer terrenos. A dobradura espacial cria sequências. A dobra de tempo retorna ao primitivo. O conceito de “dobradura” aplicado ao Pavilhão tem múltiplos significados. “Dobradura” condensa a memória do lugar, repara o passado e conecta-se ao futuro aplicando materiais que mudam no tempo; “Dobradura” é um pincel, construindo as paredes curvas para representar o local e criar uma obra de arte em terra; “Dobradura” é também um método de operação, que amplia a experiência de visitação da exposição no espaço limitado, remove limitações e forma sequências espaciais contínuas no edifício.